Jean-Paul Sartre |
A náusea (no
original em francês, La nausée) é um romance existencialista do filósofo
Jean-Paul Sartre, publicada em 1938, escrita quando Sartre ensinava no Liceu de
Le Havre. Trata-se de um das obras mais conhecidas de Sartre.
A náusea
apresenta, em forma de ficção, o tema da contingência e torna-se seu primeiro
sucesso literário, o que contribui para o início da influência de Sartre na
cultura francesa e no surgimento da moda existencialista que dominou Paris na
década de 1940.
Leia um
trecho:
"Raramente
um homem sozinho sente vontade de rir. Incomoda-me estar só. Gostaria de falar
com alguém sobre o que está me acontecendo, antes que seja tarde demais, antes
que eu comece a assustar os garotinhos. Nunca como hoje tive o sentimento tão
forte de ser alguém sem dimensões secretas, limitado a meu corpo, aos
pensamentos superficiais que sobem dele como bolhas. Construo minhas lembranças
com meu presente. Sou repelido para o presente, abandonado nele. Tento em vão
ir ter com o passado: não posso fugir de mim mesmo. Para que o mais banal dos
acontecimentos se torne uma aventura, basta que nos ponhamos a narrá-lo. Quando
se vive, nada acontece. Os cenários mudam, as pessoas entram e saem, eis tudo.
Nunca há começo. Os dias se sucedem aos dias, sem rima, nem solução: é uma soma
monótona e interminável. De quando em quando, chega-se a um total parcial,
dizendo: faz três anos que viajo, três anos que estou em Bouville. Também não
há fim: nunca deixamos uma mulher, um amigo, uma cidade, de uma só vez. E todos
os lugares se parecem: Xangai, Moscou, Argel, ao fim de uma quinzena é tudo
igual. Por alguns momentos - raramente - avaliamos a situação, percebemos que
nos envolvemos com uma mulher, que nos metemos numa confusão. Por um átimo.
Depois disso o desfile recomeça, voltamos a fazer as contas das horas e dos
dias. Segunda, terça, quarta. Abril, maio, junho. 1924, 1925, 1926. [...]"
Fonte: Só Filosofia, Wikipedia, Wikipedia